Quando o povo abandona Deus, a nação geme sob governantes ímpios
A história bíblica revela que líderes podem ser instrumentos de disciplina, mas também aponta o caminho de esperança e restauração: arrependimento e retorno ao Senhor.

A crise política e moral que o Brasil atravessa não pode ser explicada apenas pela economia ou pelo direito positivo. A Bíblia mostra que quando uma nação abandona os caminhos de Deus, Ele permite que governantes ímpios sejam levantados como forma de disciplina. Contudo, o mesmo texto sagrado aponta a saída: arrependimento, oração e retorno à fidelidade, para que a terra seja curada.
A história bíblica é clara e, ao mesmo tempo, profundamente atual. Sempre que uma nação se afasta dos caminhos de Deus, troca a verdade pela mentira e a justiça pela corrupção, o resultado é o mesmo: governantes são levantados não para conduzir o povo à prosperidade, mas para corrigi-lo em meio à disciplina. O livro de Juízes registra esse ciclo de forma quase pedagógica: afastamento, opressão, clamor e libertação (Juízes 2:14-19). O Senhor, em sua soberania, permitia que reis estrangeiros oprimissem Israel como consequência direta de sua infidelidade, até que o povo, quebrado, voltava-se novamente para Ele (Juízes 3:12-14; 6:1).
Esse padrão se repetiu quando Israel exigiu um rei para se igualar às nações vizinhas. O profeta Samuel advertiu que aquele pedido não era apenas um capricho político, mas uma rejeição ao próprio governo de Deus: “E clamareis naquele dia por causa do vosso rei, que vós mesmos houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia” (1 Samuel 8:18). A liderança opressora, neste caso, não seria um acidente histórico, mas o resultado direto de um coração endurecido.
Os profetas confirmaram essa mesma lógica. Isaías denunciou que Jerusalém seria governada por príncipes imaturos e déspotas (Isaías 3:4-5). Jeremias foi ainda mais duro: Nabucodonosor, rei da Babilônia, invasor e destruidor, é chamado pelo Senhor de “meu servo” (Jeremias 27:6). Deus não apenas permite a ascensão de líderes ímpios, mas os utiliza como instrumentos de juízo. Habacuque ouviu isso de forma impactante: “Eis que levanto os caldeus, nação amarga e impetuosa” (Habacuque 1:6).
Não há como negar que a Escritura associa a degradação espiritual de um povo à degradação de sua liderança. Oséias resume de forma cortante: “Constituíram reis, mas não por mim” (Oséias 8:4). E em outro momento: “Dei-te um rei na minha ira e o tirei no meu furor” (Oséias 13:11). Quando os ímpios governam, o povo geme (Provérbios 29:2), e o gemido da sociedade é prova de sua própria distância do Senhor.
Essa análise, longe de ser apenas um exercício teológico, é um alerta para o nosso tempo. O Brasil vive uma crise política, moral e institucional que não pode ser lida apenas pela ótica da economia ou do direito constitucional. A raiz está no afastamento de Deus, na idolatria moderna ao poder, ao dinheiro e ao relativismo. Quando a verdade é distorcida, quando a justiça é manipulada, quando a Constituição se torna um instrumento de conveniência, em vez de um pacto de defesa da liberdade e da ordem, o resultado é inevitável: governantes são levantados não como bênção, mas como disciplina.
Contudo, a mesma Escritura que denuncia, aponta também a saída. O caminho não é a resignação diante da opressão, mas o retorno a Deus em arrependimento. A promessa de 2 Crônicas 7:14 ecoa como um grito de esperança e direção: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
Essa é a chave que muda a história de uma nação. Não se trata apenas de eleições, sistemas ou reformas, mas de uma mudança espiritual que começa no coração do povo. Quando há arrependimento verdadeiro, Deus restaura, cura e, então, levanta líderes que governam com justiça. Sem isso, qualquer governante será apenas mais um instrumento de disciplina. Com isso, governantes podem ser transformados em instrumentos de bênção.