Escuta Especializada: Uma Abordagem Humanizada e Integrada na Proteção de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência

A escuta especializada protege crianças e adolescentes vítimas de violência, evitando revitimização, promovendo acolhimento e integrando redes de proteção com profissionais capacitados.

Escuta Especializada: Uma Abordagem Humanizada e Integrada na Proteção de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência

A escuta especializada de crianças e adolescentes tem se consolidado como um instrumento essencial na proteção de vítimas e testemunhas de violência, representando um avanço significativo nas políticas públicas voltadas à garantia de direitos. Prevista na Lei 13.431/2017, a prática tem como objetivo proporcionar um atendimento humanizado, sensível e eficaz, evitando que as vítimas sejam submetidas a processos que possam intensificar o sofrimento emocional ou psicológico.

Um dos aspectos centrais da escuta especializada é a prevenção da revitimização. Esse conceito se refere à necessidade de minimizar o número de vezes em que a vítima precisa relatar o evento traumático, reduzindo, assim, os impactos negativos que podem ser causados pela repetição do relato. Trata-se de uma abordagem que prioriza o cuidado com a saúde emocional das crianças e adolescentes envolvidos, reconhecendo a delicadeza das situações e garantindo que o processo de escuta seja conduzido de forma ética e respeitosa.

Outro elemento indispensável é a criação de um ambiente acolhedor e seguro. Durante a realização da escuta, é fundamental que o local seja planejado de forma a transmitir tranquilidade e confiança, possibilitando que a vítima se sinta confortável ao expor sua experiência. Essa atenção ao ambiente não apenas facilita a comunicação, como também demonstra o compromisso com o bem-estar da criança ou adolescente.

Além disso, a condução da escuta deve ser feita por profissionais devidamente capacitados para lidar com as especificidades das situações de violência. A formação desses profissionais é essencial para garantir que a abordagem seja sensível, respeitosa e adequada às necessidades de cada caso. O preparo técnico e emocional dos envolvidos no processo reflete diretamente na qualidade do atendimento prestado, protegendo a integridade da vítima e assegurando que ela receba o suporte necessário.

A escuta especializada também desempenha um papel estratégico ao articular ações com a rede de proteção, que envolve serviços de saúde, assistência social e o sistema de justiça. Essa integração permite um atendimento mais amplo e eficaz, garantindo que as necessidades da vítima sejam atendidas de forma integral. Ao conectar diferentes entidades e profissionais, o procedimento fortalece a resposta institucional às situações de violência, ampliando o alcance das políticas públicas de proteção.

Essa prática, além de estar alinhada às diretrizes legais, carrega uma importante dimensão social e ética. Ao evitar a revitimização, oferecer um ambiente acolhedor, capacitar profissionais e integrar diferentes serviços, a escuta especializada reforça o compromisso com a dignidade humana e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e sensível às necessidades de suas crianças e adolescentes. É uma ferramenta que transcende o atendimento individual, simbolizando um marco no avanço da proteção integral e no combate à violência, consolidando-se como um exemplo de política pública que coloca a pessoa em situação de vulnerabilidade no centro das prioridades institucionais.