A ilusão da produtividade perfeita: Por que temos cada vez mais opções e menos satisfação?
A busca por produtividade perfeita gera frustração; o essencialismo ensina a focar no que realmente importa.

Nos dias atuais, enfrentamos um paradoxo crescente: quanto mais opções temos, mais insatisfeitos nos tornamos com nossa própria produtividade. Influenciados pelas redes sociais, especialmente Instagram e YouTube, estamos constantemente expostos a recortes idealizados da vida alheia, que distorcem nossa percepção do possível e nos levam a tentar viver simultaneamente múltiplas realidades.
Essa percepção é confirmada em reflexões, especialmente a partir da leitura dos livros "Essencialismo", de Greg McKeown, e "A Rebelião das Massas", de José Ortega y Gasset. Segundo Ortega y Gasset, nossa vida é essencialmente a consciência das nossas possibilidades. No entanto, hoje nos debatemos com possibilidades excessivas e irreais, que distorcem o que efetivamente podemos realizar.
Nos sentimos obrigados a fazer tudo, frustrados por não conseguir, porque é de fato impossível realizar todas essas tarefas simultaneamente. Esse cenário gera uma profunda insatisfação com nossa história e nosso cotidiano.
A raiz desse problema está na falta de uma decisão clara sobre o que realmente importa. Estamos continuamente presos na tentativa de replicar realidades vistas nas redes sociais, sem considerar nossas próprias circunstâncias reais. Essa busca desenfreada por possibilidades infinitas acaba gerando frustração e sensação de fracasso constante.
O conceito de Essencialismo emerge como uma possível solução para esse dilema moderno. A ideia central é simples, porém poderosa: fazer menos, porém melhor. Isso implica em escolher conscientemente um caminho, uma possibilidade vital, e aprofundar-se nela, deixando de lado todas as outras que desviam nosso foco.
Só quando paramos de tentar abraçar tudo e deixamos de dizer 'sim' para tudo é que conseguimos oferecer nossa máxima contribuição para o que realmente importa, ressalto a partir do ensinamento de McKeown.
Para implementar o Essencialismo na prática, proponho uma metodologia clara baseada em três passos fundamentais: explorar o que realmente importa, eliminar rigorosamente o que não contribui para esses objetivos, e executar com disciplina e clareza.
Na prática cotidiana, é preciso começar por perguntas difíceis e sinceras, como "O que é possível para mim?" e "Essa tarefa ou oportunidade realmente me leva para mais perto da vida que desejo viver?". Ao fazer essas perguntas, começamos a perceber que nem tudo que é possível precisa ser realizado, e que tentar abraçar tudo simultaneamente não gera plenitude, mas dispersão.
Convido você, leitor, a refletir: Qual a história que você quer contar ao fim da sua vida? É essa história que deve guiar suas escolhas diárias. Afinal, só temos uma vida, e é essencial escolher com clareza aquilo que realmente importa para vivê-la plenamente.