Brasil, a Hora de Orar e Agir pela Nação

Aprendi com a experiência coreana que transformar um país exige mudar a ordem das orações, primeiro a nação, depois o indivíduo, e unir intercessão persistente com ação concreta.

Brasil, a Hora de Orar e Agir pela Nação

Eu escrevo a partir de um coração verde-amarelo que carrega lições aprendidas com a Coreia do Sul sobre a força da oração quando ela sai do discurso e vira cultura, responsabilidade cívica e transformação concreta. Eu não acredito em gestos simbólicos de quem tenta apagar incêndios com um gole d’água. Eu acredito em gente que assume sua autoridade espiritual, ora com entendimento e depois levanta para trabalhar. Para mim, oração não é fuga; é o caminho de acesso ao Deus que age na história. E quando a igreja ora como quem está assentado com Cristo acima de todo principado e potestade, temas considerados insolúveis no plano nacional começam a ter resposta.

A Coreia tem cinco mil anos de história e pouco mais de um século de evangelho. Nesse período curto, atravessou ocupação estrangeira, guerra civil e miséria de pós-guerra. Em cada etapa, um pequeno remanescente mudou a ordem das prioridades. Em vez de "meu salário, minha casa, minha igreja", colocou a nação em primeiro lugar. Foi assim que o culto da madrugada, às cinco da manhã, 365 dias por ano, virou disciplina coletiva. No auge da crise, cerca de 3% do país intercedia diariamente pelos governantes, pelos sistemas e pelo povo. O resultado não foi mágica. Foi milagre com trabalho. Um país mais pobre que o Brasil nos anos 1960 atravessou décadas com educação como eixo, produtividade como vocação e ética pública como exigência. Eu não idolatro nenhum modelo. Eu aprendo o princípio: quando a ordem das orações muda, a história muda.

A Bíblia confirma esse caminho. Em 1Timóteo 2:2, eu sou convocado a orar pelos que exercem autoridade, goste eu deles ou não. Isso não é endosso cego. É intercessão para que temam a Deus, amem a verdade, pratiquem justiça e sirvam ao povo com integridade. Em Provérbios 18:21, sou lembrado de que a língua carrega vida e morte. Toda palavra cria ambiente moral. Se eu amaldiçoo continuamente a minha nação e seus dirigentes, eu alimento o cinismo que paralisa. O meu compromisso é outro. Orar, abençoar, exigir transparência, servir com as mãos, vigiar com os olhos e votar com discernimento.

A prática da madrugada não é capricho devocional. Está nos textos e está no exemplo de Jesus. Moisés se levanta cedo para erguer altar. Abraão busca ao Senhor ao amanhecer. Josué circunda Jericó na alvorada. Davi clama "de madrugada". Jesus se retira a sós quando ainda estava escuro e ressuscita ao romper do dia. Eu trato essa hora como primícia. É o maná espiritual que sustenta o resto do dia. Quando isso se torna DNA, não produz só templos cheios. Pressiona a virtude nos governos, reorganiza cidades e rompe com a lógica do "tudo grátis" que infantiliza comunidades. A dignidade volta quando política pública, iniciativa privada e moradores dividem responsabilidades. Vi isso em programas que trocaram telhado de palha por laje, viela encharcada por rua pavimentada, lixão por biblioteca, descarte por reciclagem e mão estendida por cooperativa de trabalho. Em poucos anos, paisagem e mentalidade mudam. Do lado da igreja, a fé sai do banco e entra na rua. Intercessão de madrugada, serviço ao longo do dia, perseverança por anos.

O Brasil tem lições pendentes e uma oportunidade. Não é tarde. Mesmo com bolsões de violência e vulnerabilidade, ainda estamos longe do colapso coreano de décadas atrás. Mas eu não romantizo o que nos trava. Existem feridas históricas que pedem verdade, confissão e reparação. O maltrato aos povos originários, a infâmia da escravidão e a negligência com a migração nordestina que inchou periferias sem urbanização, acolhida e oportunidade. O evangelho não apaga o passado com amnésia. Redime com luz, arrependimento e compromisso. É renunciar a maldições culturais repetidas no automático. É abandonar o "todo político é ladrão" e o "não tem jeito". Tem jeito quando há gente que ora, líderes que prestam contas e políticas que cobram muito de todos e protegem os vulneráveis.

Por isso eu mudo a ordem das minhas orações. Antes do meu, a minha pátria. Eu oro por juízes que julguem com equidade, por parlamentares que legislem com sobriedade, por prefeitos e governadores que administrem com transparência, por presidentes que façam o que é certo mesmo quando custa caro. Eu abençoo explicitamente as autoridades para que sejam cativas da verdade e firmes no bem. E eu denuncio desvios sem hesitar. Na minha rotina, isso tem forma prática. Igrejas adotando comunidades e primeiro ouvindo as dores antes de pregar. Mutirões para lixo, drenagem e saneamento. Mapeamento de talentos locais. Trilhas curtas para ofícios reais. Cooperativas de produção e serviço. Bibliotecas de bairro, reforço escolar, cozinhas solidárias. Empresas abrindo portas ao primeiro emprego e mentoria. Universidades transferindo conhecimento de gestão, finanças e tecnologia. Municípios replicando modelos de urbanização com metas, indicadores e prestação de contas pública. Nada disso substitui a oração. Tudo isso nasce dela.

O avivamento que busco não é euforia de domingo que evapora na segunda. É vida quieta, sossegada e digna. É família que volta para casa sem medo de parar no sinal. É escola que ensina de verdade. É trabalho honesto que paga o pão. É polícia que protege sem se corromper. É fronteira vedada ao crime. É política pública que recompensa quem produz e reergue quem caiu para que volte a andar. É paz social construída com verdade, justiça e misericórdia. Quando a igreja entende que santidade privada tem efeito público, ela para de xingar a escuridão e acende luz. Madrugada de intercessão. Dia de serviço. Semana de perseverança. Anos de transformação.

Se eu quero um futuro melhor para os meus filhos, o atalho é uma decisão diária. Consagrar a língua para abençoar, a agenda para interceder e as mãos para trabalhar. Orar cedo pedindo sabedoria para quem governa e coragem para o povo cooperar e cobrar. Quebrar alianças com o cinismo e firmar novas com diligência, responsabilidade e cooperação. Dizer com a vida e com a voz: Brasil, fica em paz. Eu estou orando por ti. E enquanto oro, eu te sirvo. Eu acredito que quando 3% de um povo ora e age assim, Deus move a história. E quando Deus move a história, rosas voltam a brotar onde antes só havia latas de lixo. Amém.