A Jornada de Ademir "Mimica" Silva: Vinte Anos de Dedicação à Cultura Indígena no Leste de Roraima

Ademir "Mimica" Silva dedicou mais de duas décadas à cultura Sanumá, superando desafios e compartilhando sua paixão pelo serviço.

A Jornada de Ademir "Mimica" Silva: Vinte Anos de Dedicação à Cultura Indígena no Leste de Roraima

Ademir Santos Silva, de 53 anos, natural de Itacaré, Bahia, tem vivido uma vida extraordinária desde 1991, quando decidiu se estabelecer no coração da comunidade Sanumá, uma etnia indígena no leste de Roraima. Conhecido nacionalmente como "Mimica", ele se destacou por seu profundo envolvimento e relacionamento positivo com a cultura indígena.

Os Sanumá, cuja língua é um subdialeto dos Yanomami, tornaram-se a família de Mimica. Sua jornada na tribo o levou a encontrar sua esposa, Lucelene, com quem tem dois filhos. As frequentes batalhas contra a malária, uma das poucas razões que o faziam deixar a tribo naquela época, foram apenas um aspecto de sua incrível trajetória.

Mimica iniciou sua jornada com duas escolas de treinamento da Jocum (Jovens Com Uma Missão) em 1990, incluindo a Escola de Introdução aos Estudos Etnolinguísticos e Culturais da Jocum Porto Velho, focada em linguística. Embora não fosse hábil em métodos práticos de tradução, sua disposição e coração voltados para o serviço o tornaram um membro valioso da equipe.

Em apenas três meses de convivência com os Sanumá, Mimica já conseguia se comunicar com fluidez em sua língua. Ele recorda: "Um dia, durante uma reunião, perguntei se eles entendiam o que eu estava falando, e um deles se levantou e disse: 'Evidentemente, estamos entendendo, pois você está falando em nossa própria língua'." Essa experiência o lembrou da passagem bíblica de Marcos 16:17 que diz: "Falarão novas línguas."

Em menos de seis meses, Mimica estava traduzindo para equipes de saúde da Funasa e pregando durante os cultos. Ele atribui esse dom à vontade de servir e à disposição do coração.

Mimica se adaptou tanto à cultura indígena que, quando precisava deixar a tribo, mal conseguia falar português. Agora, ele compartilha suas experiências com outras pessoas em sua língua materna.

Suas decisões transformadoras

Mimica enfatiza a importância das decisões que tomamos na vida e como elas trazem responsabilidades. Em 1990, quando a equipe decidiu deixar a tribo indígena, ele optou por permanecer. Essa escolha o obrigou a tomar decisões contínuas para continuar sua jornada única.

Ele compara sua vida à metáfora do grão de trigo que, para dar frutos, deve primeiro morrer. Assim, ele abraçou a cultura dos Sanumá e ajudou a transformar suas vidas, ensinando-lhes novos princípios e cuidando de sua saúde.

Reconhecimento e Desafios

Mimica enfrentou desafios notáveis durante sua jornada, incluindo um incidente em que foi preso injustamente. No entanto, sua ligação com a comunidade Sanumá e a graça de Deus o ajudaram a superar esses obstáculos.

Missionárias da Jocum, Márcia Suzuki e Edna Gaspar, reconhecem sua dedicação e habilidades notáveis. Márcia descreve Mimica como "super inteligente e engraçado" e elogia sua habilidade natural para a comunicação e seu coração generoso. Edna compartilha seu apreço por esse "herói" em suas redes sociais.

A história de Mimica é um testemunho vivo de dedicação à cultura indígena e ao serviço ao próximo, inspirando todos nós a buscar uma compreensão mais profunda e respeitosa das diferentes culturas que compartilham nosso planeta.

Fonte: JOCUM - Jovens Com Uma Missão