Cristianismo Vivo: O Chamado para Refletir Cristo no Mundo

Um convite para compreender a identidade cristã como vida transformada, compromisso com o Evangelho e testemunho coerente de fé no cotidiano.

Cristianismo Vivo: O Chamado para Refletir Cristo no Mundo

Em Antioquia, os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos (At 11,26). Essa designação não representava apenas um nome novo, mas uma identidade transformadora. Ser cristão é tornar-se reflexo vivo de Cristo no mundo, permitindo que a vontade do Pai se manifeste através da fé. É crer no poder libertador de Deus, capaz de romper com o pecado e renovar a vida para que ela seja agradável ao Criador.

O cristão, ao entregar-se a Deus por meio de Jesus Cristo, assume um compromisso profundo com a justiça e a harmonia desejadas pelo Senhor. Sua primeira tarefa é o anúncio do Evangelho, o querigma, que deve ser transmitido com fidelidade e clareza em todas as épocas. As mudanças culturais e as ideologias passageiras não podem distorcer o núcleo dessa mensagem. A cruz, sinal visível da fé, sustenta o cristão diante dos desafios. Ela não é apenas símbolo, mas experiência de entrega e amor sem limites enraizada no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

Assumir a cruz significa dar sentido à vida. É reconhecer-se filho de Deus, desenvolver dons e talentos, colocar-se a serviço do próximo e caminhar com disposição para além do comum. Ser cristão também implica cuidar da criação, valorizando a natureza como presente do Criador, e usar a inteligência para construir instrumentos que favoreçam a convivência equilibrada e a justiça entre as pessoas.

Não é raro ouvir que ser cristão é ser "diferente". Mas, na verdade, viver como cristão é agir segundo a própria essência humana, criada à imagem e semelhança de Deus. O que nos torna distintos é a recusa ao mal e a opção consciente pelo bem. Em termos doutrinários, cristianismo, judaísmo e islamismo possuem diferenças, mas, em sua essência, professam a fé no mesmo Deus.

A história testemunha o impacto dessa vivência. Nos primeiros séculos, os cristãos enfrentaram perseguições e martírios sem responder à violência com violência. Nas arenas romanas, muitos eram mortos por gladiadores ou devorados por feras, mas suas atitudes pacíficas e coerentes chocavam e despertavam admiração. Esse testemunho silencioso plantou sementes que, ao longo do tempo, transformaram consciências e derrubaram padrões cruéis de comportamento.

Hoje, a sociedade continua marcada por práticas contrárias ao projeto divino. Corrupção, injustiça e indiferença parecem normais pela frequência com que acontecem. No entanto, o cristão é chamado a agir de forma oposta, não por rebeldia, mas por fidelidade à verdade e ao amor. É reconhecer que existe uma ordem dada por Deus que sustenta a vida e que precisa ser respeitada. Essa consciência conduz à conversão e à salvação, restaurando o fluxo natural da existência.

A missão cristã não perdeu sua urgência. Ainda existem muitas "Antioquias" aguardando a Boa Nova. Proclamar Cristo crucificado (1Cor 1,23) continua sendo escândalo para uns e loucura para outros, mas é força e sabedoria de Deus para aqueles que creem (1Cor 1,25). Em cada época, a cruz incomoda os que se recusam a comprometer-se com a proposta de Jesus, mas também ilumina os que buscam a verdade.

Carregar a cruz significa aceitar ser incompreendido, ridicularizado e até perseguido. Mesmo assim, o cristão caminha consciente de que sua missão é ser fermento na massa, mesmo quando o caminho parece estreito e exigente. A vida cristã requer preparo, estudo, oração e perseverança, mas oferece em troca a alegria autêntica e a certeza de que vale a pena viver com sentido.

Assim, ser cristão é muito mais do que adotar um nome. É testemunhar, com atitudes, a presença de Cristo no mundo e manter viva a mensagem que transforma corações e sociedades.