Esquema de Funcionários Fantasmas em Ibirité: Investigação Alcança Deputado Luis Tibé

Investigação do MPMG revela esquema de funcionários fantasmas em Ibirité, envolvendo o prefeito William Parreira e o deputado Luis Tibé, com nomeações fraudulentas e desvio de recursos públicos.

Esquema de Funcionários Fantasmas em Ibirité: Investigação Alcança Deputado Luis Tibé

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) conduz uma investigação minuciosa sobre um esquema de "funcionários fantasmas" na Prefeitura de Ibirité, revelando práticas alarmantes de nomeações irregulares e desvio de recursos públicos. A apuração identificou que diversos servidores comissionados mantinham vínculos empregatícios, apesar de não cumprirem suas obrigações funcionais. Este caso expõe uma rede de conluios que envolve desde cargos de confiança até secretários de alto escalão, criando uma teia de interesses políticos e abusos administrativos.

Em um dos casos investigados, uma servidora indicada por Tibé teria comparecido ao trabalho apenas no primeiro dia, afirmando que sua nomeação foi diretamente atribuída a ele. Mesmo sem retornar ao trabalho, continuou recebendo seu salário. Antes disso, ela atuava como secretária parlamentar no gabinete do deputado, e atualmente é sócia de uma empresa privada. A nomeação de servidores por influência política, sem o devido comprometimento com as funções públicas, conforme detalhado no relatório do MPMG, evidencia um padrão de apadrinhamento que compromete a integridade da administração pública.

Outro caso envolve um servidor nomeado que, embora estivesse trabalhando como pedreiro há mais de quatro meses, oficialmente ocupava um cargo na prefeitura. Esses exemplos revelam o nível de irregularidade na gestão pública de Ibirité.

A investigação também abrange funcionários de alto escalão da gestão municipal, destacando William Parreira Duarte, atual prefeito de Ibirité, e André Lima Belico, Secretário Municipal de Obras, como diretamente envolvidos nas contratações fraudulentas. William Parreira já sofreu cassação pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG) em primeira e segunda instância, o que adiciona um histórico problemático à sua trajetória política. Além dele, Marluci Arriel Pedroso, Diretora de Recursos Humanos da Prefeitura de Ibirité, é apontada como cúmplice na perpetuação das irregularidades.

Os principais envolvidos no esquema de funcionários fantasmas em Ibirité incluem William Parreira Duarte (Avante), prefeito da cidade e figura central da fraude, já cassado pelo TRE/MG em primeira e segunda instância; André Lima Belico, Secretário Municipal de Obras, diretamente envolvido nas contratações irregulares; e Marluci Arriel Pedroso, Diretora de Recursos Humanos, responsável pela gestão dos servidores investigados. Além deles, Cléber Batista, Jacinta de Fátima Ricardo, Jacqueline Miranda Alves Pereira, Raimundo Nonato Barbosa Nascimento e Edmilson Gonçalves Caldeira, todos servidores da Secretaria de Obras, são suspeitos de participação no esquema.

O MPMG aponta que esses servidores utilizaram de forma abusiva o regime de livre nomeação e exoneração, desvirtuando uma ferramenta administrativa que deveria ser aplicada a cargos de confiança. O objetivo das nomeações, segundo a investigação, era atender a interesses políticos, comprometendo o uso adequado de recursos públicos que deveriam servir à população.

O Ministério Público já recomendou a exoneração imediata de sete servidores envolvidos, incluindo aqueles que nunca cumpriram suas funções, mas continuaram a receber salários. A Prefeitura de Ibirité, sob a liderança de William Parreira, foi notificada e recebeu um prazo de 72 horas para acatar a recomendação, sob pena de ações por improbidade administrativa.

Caso as recomendações não sejam cumpridas, os acusados enfrentarão graves consequências, como a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por até oito anos e multas pesadas. O MPMG destacou que os responsáveis pelas contratações tinham pleno conhecimento das irregularidades e optaram por não agir para corrigir a situação, perpetuando o desvio de recursos. Além disso, a Prefeitura será obrigada a divulgar publicamente a exoneração dos funcionários por 15 dias, em prol da transparência.

Este escândalo emerge em um momento delicado para a política de Ibirité. William Parreira, impedido de concorrer à reeleição após dois mandatos consecutivos, havia apoiado Chande Bernardão como seu sucessor. No entanto, Bernardão foi derrotado por Dinis Pinheiro, ex-deputado estadual, o que trouxe novas implicações para a administração municipal. A derrota política de Parreira, somada à possibilidade de sanções judiciais, abala ainda mais a credibilidade da gestão atual.

Este caso ressalta a importância de uma gestão pública orientada pela transparência, ética e legalidade. A nomeação de servidores públicos, especialmente em cargos comissionados, deve ser baseada em critérios técnicos e na competência, e não em favores políticos. O uso indevido de cargos de confiança compromete não só a eficiência do serviço público, mas também a confiança da população nas instituições.

O esquema de funcionários fantasmas em Ibirité é um exemplo de como a má gestão e a corrupção podem desviar recursos públicos que deveriam beneficiar a sociedade. A repercussão deste escândalo ultrapassa as barreiras jurídicas, atingindo diretamente a credibilidade dos gestores envolvidos. Para evitar que situações como essa se repitam no futuro, é fundamental uma fiscalização rigorosa e contínua, garantindo que o dinheiro público seja utilizado de maneira responsável, sempre em prol da coletividade.